05 tipos de ministérios de comunicação que merecem reflexão

Já se perguntou o pra que você “trabalha” na igreja local? Essa pergunta pode aparecer num momento de desânimo ou num de alegria mesmo. Pra que estou fazendo o que faço aqui? Tenho certeza que definitivamente não é porque todos nós precisamos de mais encontros, ou mais coisas para se realizar, ou porque faltam obrigações para se firmar dentro de nossas vidas. Estamos nos reunindo como líderes em comunicação (e aqui uso intencionalmente esse termo de forma genérica e ampla para abraçar todos que desempenham um papel na igreja local, seja na fotografia, filmagem, trilhas, vídeos, liderança e avisos, ou tudo mais sobre comunicação), para um culto que no fim seja possível nos tornar um corpo em louvor e adoração a Deus.

Pela minha experiência com grupos de louvor, grupos de comunicação e de jovens (certas vezes como um membro ou outras como líder de determinado grupo), pude perceber e observar diferentes paisagens e cenários de liderança em comunicação atuais e ao final me parece que há cinco grandes tipos marcantes e diferentes de grupos ou ministérios de comunicação por aí. São cinco maneiras de se fazer isso. Cinco abordagens de como estruturar, ver e liderar um grupo “que funcione”.

Essas formas me vieram à mente pela necessidade de se marcar uma reunião com todos os envolvidos no ministério de minha igreja atual, quando precisava convidar todos os já envolvidos e os que queriam se envolver, mas que ainda não tiveram a chance, para algo que espero que se torne regular ou pelo menos mensal, visando a construção da comunidade, a apresentação da visão, o encorajamento e a formação de uma cultura de comunicação que é tão necessária em nossos dias atuais.

#1 – Grupo LinkedIn: pronto e perfeito para preencher vagas

Precisa de um câmera? O André é o cara. Precisa de outro? Temos o Diegão ali no canto. E, nesse mês, como você vai acabar precisando de um rosto novo pros avisos do telão, tranqüilo, só chamarmos a Raquel, ou a Maira, inclusive o Rafael. Ah! tem também o Roberto, a Flávia, o Mauro,…

Nesse tipo de grupo, os membros são apenas nomes associados às funções num quadro negro pendurado na central de planejamento do líder e sua contribuição como o frente da fanfarra é preencher as vagas em aberto com quem possa fazer no momento desejado. Se o Diegão resolver deixar a igreja, sabe-se Deus lá porque, ninguém da equipe realmente sentirá sua falta ou se importará, afinal de contas ele é só mais um na operação da câmera. Ou até mesmo, se a Raquel quebrar o braço e não puder editar os vídeos da semana, ninguém se importa conquanto a Flávia puder fazê-lo em seu lugar.

Ninguém está sendo realmente edificado, cuidado, encorajado, conectado ou relacionado com os demais. Todos são uma função em uma agenda qualquer da rotina semanal do líder, que sem dificuldades apenas maneja as peças do xadrez de atividades nos programas procedimentais.

#2 – Grupo Constelação: cada estrela brilha, brilha muito em seu lugar

O ministério ou grupo tem um nome próprio, um líder claro e carismático, o grupo faz performances e dá palestras afora, mas fazem intermináveis sessões de fotos a cada trabalho encerrado. Eles são super cools na igreja toda, sabe?

Nesse tipo de grupo, os membros são mini celebridades e o líder é a celebridade principal que fica na capa da banda, sempre a frente nas fotos de equipe. Quando os novos convertidos ou novos interessados (sejam eles habilidosos ou não, iniciados ou avançados em tecnologias ou processos) quiserem fazer parte do mesmo grupo de comunicação não estarão nunca no nível ou patamar dos antigos e devem usar as mesmas roupas, os mesmos “sets” e “equips”, pra tentar chegar perto deles.

É difícil para o autodidata, esforçado ou iniciante fazer parte deste grupo. Fora que este grupo por si só não se sustenta por muito tempo, alguém sempre vai querer tomar o lugar no holofote, muitos virão e sairão, qualquer dificuldade ou orçamento reduzido acaba com o sonho e os modismos terminam por ser ultrapassados, como sempre o foram e serão.

#3 – Grupo GospelCom: uma pirâmide gigantesca de castas e cargos

A igreja é dividida em escalões e os mais altos, claro, estão relacionados aos cultos de domingo. Os grupos médios são os grupos de jovem e de louvor e nos de menor escalão estão os ministérios infantis e terceira idade. É batata, falou que tem que cobrir um evento das crianças ou fazer um vídeo pra terceira idade que os atestados médicos brotam do chão! Hehe.

Nesse tipo de grupo as leis da selva imperam absolutamente: é cada um por si e nem Deus por todos, pois todos estão sempre querendo chegar no mais alto escalão, que é aparecer no telão em pleno culto matutino, ser o fotógrafo daquele louvorzão evangelístico da noite e muitos outros.

É nesse grupo que quando um membro mais desenvolto ou dotado se junta à igreja, os outros integrantes são ameaçados e têm que prontamente proteger seus lugares no escalão. Muitos dos membros dos escalões inferiores não acreditam que seus dons importam ou são apreciados e utilizados verdadeiramente. E o líder do grupo estará quase que constantemente controlando e equilibrando egos, lidando com sentimentos de mágoa e rancor, evitando dar feedbacks e colocações de certas pessoas e dons honestos no grupo, simplesmente pelo local ou atividade onde ele coloca cada pessoa na agenda semanal. Deus nos livre de colocar o Roberto, operador da projeção de domingo, na escala do culto dos jovens, ele vai se sentir rebaixado! Se colocar o Adriano pra tirar foto junto com a Amanda então vai dar zica meu…

#4 – Grupo Sid, da Era do Gelo: “chegar ao navio e não estragar tudo, chegar ao navio e não estragar tudo, chegar ao navio e não estragar tudo!!”

A igreja faz aquilo que dá no tempo que dá, com quem ali estiver, correndo pra dar tudo certo antes da oração inicial. Ufa! Terminou o culto e só um vídeo travou! Parece que tem aquela placa de “Estamos a 9 dias sem nenhum incidente” pendurada em cada membro da equipe, sabem? Muitas vezes por falta de organização do líder e pouquíssimas por falta de pessoal, trabalhar na igreja parece ser mais estressante que no expediente da semana normal. Cada domingo, sábado ou atividade é um Deus nos acuda.

É nesse grupo que o cansaço, se não venceu ainda, vai vencer um dia. Claro que os imprevistos acontecem em qualquer grupo humano, mas neste aqui parece ser a regra. E é claro que este grupo não é convidativo para nenhum novo membro. Os que estão dentro querem sair e os que estão fora fogem sempre do líder, casualmente desesperado que pede ajuda incessantemente a cada final de semana. Você pode até estar neste grupo de comunicação porque não conseguiu dizer não para aquela carinha do gato do Shrek! E pode parar de ler esse post que o culto ta começando e os slides das músicas da banda precisam ser digitados agora, entre uma oração e outra. Corre Sid, corre!

#5 – Corpo

Por fim, o quinto tipo de grupo de comunicação é aquele que só uma palavra, com total significado bíblico, pode resumir: Corpo. Em um corpo, há variedades de dons, talentos e serviços, mas apenas um único e mesmo Senhor. Há dons diferentes dados pelo Espírito, mas todos são capacitados por esse mesmo Espírito Santo. Pode haver divisões estratégicas ou sub-líderes para organização, mas não deixa de ser um corpo, com muitos membros, órgãos e tecidos. Os membros diferentes (como os pés, braços e mãos) precisam uns dos outros para realmente funcionar e eles sabem disso.

Os membros diferentes (como ouvidos, olhos e boca) pertencem uns aos outros e é Deus quem organiza os membros como o agrada. Não há competição nem destaque individual constante. Os membros mais fracos são indispensáveis. Os membros mais fortes são indispensáveis. A honra é dada uns aos outros e não há divisão. Quando um membro sofre, todos sofrem JUNTOS. E quando um membro é honrado, todos se regozijam, juntos. Paulo mostrou esse grupo de comunicação pra nós em 1 Coríntios 12: 4 -12.

“Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de cura, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer. Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo.”

E esse é o tipo de grupo de comunicação que eu quero e gostaria de construir sempre! Porém, por muitos anos eu trabalhei como um membro de um escalão em um grupo e também já cai na rede de ser um líder “preenchedor” de vagas. Mas esses não são os modelos de ministério e grupo de comunicação duradouros a longo prazo. Ajudar a construir, trilhar o caminho e fortalecer um verdadeiro corpo é o caminho certo a se seguir, pois este perdurará sobre todas as adversidades e obstáculos. Claro que este não é o caminho mais fácil ou o mais glamoroso, nem o caminho isento de dores e falhas, mas é o que produzirá mais frutos, e frutos de qualidade.

Gosto de pensar que esse é o modelo que irá durar mais, pois abraçará os membros em um nível mais amplo de idades, níveis de experiência e proficiência, habilidades ou personalidades, que permitirá uma rampa de acesso mais fácil para novos e atuais membros, fortes e fracos, conhecedores ou não, que será mais sustentável para a congregação ou comunidade, que irá durar após a saída de um líder ou pastor (caso ocorra!) que sobreviverá à mudança ou oxigenação da liderança e que terá saúde espiritual, emocional e organizacional suficiente para transformar vasos quebrados que somos em algo lindo, humilde e centrado no louvor, glória e adoração de Cristo.

Brincadeiras, estereótipos, nomes fictícios e exageros à parte dos grupos acima, você sabe que deve fugir dessas generalizações dos primeiros grupos, então faça um compromisso com Deus e consigo mesmo, seja a parte essencial que o outro precisa no ministério ou grupo, viva a diversidade e beleza do corpo de Cristo, para honra e glória de nosso Deus! Estamos juntos nessa tentativa. Nesta semana pude assistir um vídeo, sobre os 500 anos da Reforma Protestante, em que um pastor dizia que o contexto das igrejas brasileiras cambaleia entre a superficialidade e o pragmatismo baseado na praticidade dos resultados, e a ortodoxia fria ou tradicionalismo desconectado da missão. Mas eu tenho certeza que com a ajuda do Espírito Santo, nós podemos mudar este cenário.

Igreja reformada de verdade é aquela que se reforma a cada dia e a cada instante, que se reavalia e melhora onde erra com cada atividade e visitante novo. Que tal começar hoje, pela sua vida, pela sua equipe de comunicação? Que Deus nos abençoe a atingir o ideal do corpo, em toda e qualquer atividade que nos prontificarmos a fazer!

Até uma próxima.

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