Voltando juntos pós-pandemia: uma reflexão prática

Como eu, você já deve ter ouvido muitas pessoas falarem com entusiasmo sobre seu desejo pelo grande reencontro, que acontecerá quando a vida voltar ao “normal” (Até já conversamos um pouco sobre realidades A, B e C no nosso IGTV lembra?) Muitas igrejas até promoveram seu culto dominical de Páscoa como uma mera mini celebração da ressurreição – antecipando a verdadeira festa da ressurreição que será quando a congregação se reunir novamente em pessoa e pudermos abraçar um ao outro, ah, isso sim vai ser festa! Hehe.

Acho que esse desejo aponta para o fato de que fomos criados para viver e estar em comunidade. Por isso, muitas igrejas desejam que num estalar de dedos, num domingo qualquer a mudança aconteça e tudo volte a ser como era antes. Mas esse cenário parece improvável. Ao olharmos para outras partes do mundo que estão à frente do Brasil e da América do Norte na luta contra o COVID-19, existem poucas opções que podemos realmente considerar. E, claro, tudo isso depende das restrições e diretrizes da sua cidade, Estado e país.

Será que realmente podemos tirar os óculos da politização de remédios, doenças, sintomas e vacinas e pensar com os olhos do Reino sobre vidas, cultos e reuniões sem ponderar, quantificar ou fazer disso uma competição do que é mais importante ou não? Por isso enxergo e quero dividir 3 opções, cada uma com suas peculiaridades para o tão querido, ou possível, retorno:

Opção 01 – Continuar os encontros, digitalmente, até que as reuniões em massa sejam permitidas

Olhando para outros lugares ao redor do globo, a tendência maior parece apontar para um relaxamento das regras de distanciamento social seguido por uma contração ou contágio tardio, ou as chamadas “segundas ondas do vírus” – e essa tendência parece ir e voltar, hora forte, hora fraca, podendo continuar até que uma vacina seja criada, aprovada e disponibilizada a todos. Portanto, uma opção segura e conservadora no sentido “sem riscos”, pode ser a de permanecer totalmente digital até que sua região diga que todas as reuniões em massa estão seguras para recomeçarem.

Esta é uma opção especialmente atraente para igrejas maiores (mais de 1.000 membros) porque ser obrigado a parar de se reunir pessoalmente uma segunda (ou terceira ou quarta, quem sabe) vez pode ser muito mais difícil ou prejudicial para a congregação do que na primeira vez que todas as igrejas foram pegas de surpresa.

Dica: Se sua igreja seguirá esse caminho, é vital ter uma estratégia sólida de comunicação e conexão com aqueles que ainda não se sentirem seguros, para ir pessoalmente, quando reabrirem. Não deixe que sua igreja se torne um grupo que vai pessoalmente e outro que funciona em casa, no sentido cultural e congregacional, pois juntar as duas “igrejas” que se formaram antes do “novo normal” pode ser um problema.

Opção 02 – Pessoalmente, apenas no meio da semana

Provavelmente, sua igreja completa se reúne apenas uma ou duas vezes por semana no final de semana. É o panorama geral das igrejas brasileiras. Ao longo da semana, porém, você tem ministérios menores, reuniões, grupos de oração, grupos de estudos bíblicos e muito mais. Uma maneira de ajudar a fornecer uma conexão mais pessoal entre os membros e ao mesmo tempo evitar grandes reuniões, seria abrir seu prédio para ministérios no meio da semana – aquelas reuniões menores de 05, 10 ou mesmo de 20 pessoas (dependendo das orientações do governo e normas sanitárias da sua cidade e estado) – enquanto mantém todos os cultos de adoração online.

Isso pode permitir uma conexão mais rápida e profunda com sua congregação, porque são grupos menores de pessoas que estão centrados em um assunto ou tema específico. Se você escolher seguir esse caminho, certifique-se de comunicar claramente os planos de sua igreja para ajudar a manter o vírus sob controle por meio dos protocolos de desinfecção e outros meios sanitários.

Dica: Esta também pode ser uma ótima maneira de começar (ou renovar) o ministério de pequenos grupos de sua igreja, mesmo que digitalmente!

Opção 03 – Adote uma abordagem mais fluída

Outra opção que sua igreja pode considerar é adotar uma abordagem fluída de como sua igreja está se reunindo a cada semana. A maioria de nossas congregações tem um forte desejo de se reunir novamente, embora não possamos simplesmente estalar os dedos e voltar ao normal, podemos fornecer tantas oportunidades quanto possíveis para as pessoas se reunirem novamente. Isso pode ocorrer se você seguir a orientação de sua área para reuniões de grupo e alterar sua programação de serviço de adoração e culto para atender às necessidades atuais.

Por exemplo, digamos que você seja uma igreja de 200 membros frequentadores. Se o seu estado permitir que grupos se reúnam – com ou sem limitação de máximo ou mínimo de público cada vez –, sua igreja poderia oferecer três ou quatro horários de culto no domingo, junto com a transmissão ao vivo para não constituir uma aglomeração. Para tanto, você pode deixar vago dois lugares a cada um disponível de cadeiras/bancos e interditar uma fileira de cadeiras/bancos de espaço a cada fileira disponível. Assim, o distanciamento social é respeitado, e todos que se sentirem confortáveis em ir podem fazê-lo com segurança. Claro que não caberá mais os 200 de uma vez.

Assim, conforme a orientação da sua cidade/estado se expande e/ou se contrai, você pode adicionar ou reduzir serviços e cadeiras/bancos conforme o necessário. Você também pode pedir às pessoas que confirmem a presença de qual serviço planejam comparecer e torná-lo mais um evento com “ingressos” ou lista, para ajudar a garantir as diretrizes em vigor. Com essa abordagem, as reuniões em casa também podem ser uma opção para aqueles que não podem atender ao serviço – ou não se sentem seguros – pessoalmente. Lembre-se, nosso papel como corpo não é julgar, mas abraçar.

Dica: Certifique-se de que não há nenhum “boi na linha” da sua comunicação se quiser adotar uma abordagem fluída. Haverá muito o que se comunicar nas próximas semanas, incluindo mudanças nos horários de atendimento, a necessidade de RSVP ou inscrição nos cultos, os protocolos de higiene para adentrar o templo, número de lugares, etc. Uma comunicação fora de hora ou desencontrada é a receita perfeita para o desastre e desgaste dos voluntários e público.

Bom, como membros da igreja, estamos extremamente animados por estarmos juntos ou pelo menos poder tentar fazê-lo novamente. Outros, nem tanto, mas isso é o corpo de Cristo. No entanto, precisamos reconhecer que muito provavelmente não retomaremos a uma vida “normal” da igreja assim que as restrições forem suspensas. Do nada, de supetão. Em vez disso, vamos planejar com calma e sabedoria para que possamos liderar nossas igrejas em novas temporadas desse território desconhecido. Assim, nenhuma nova onda, ou novo vírus nos pegará de surpresa.

Meu maior desejo é que Deus o abençoe no processo de enxergar qual a sua realidade e a sua necessidade na reabertura dos cultos presenciais. Uma dica final e que tenho ouvido de muitos conhecidos é que todos estamos passando por essas dificuldades, e a queda das contribuições, dízimos e ofertas pode ser uma realidade difícil que você está enfrentando, mas se não tivermos fé de que Deus irá suprir a falta financeira e a crise que diante de nós se mostra, por que abrirmos as portas lá no primeiro dia de implantação da igreja? Se há falta de fé, não deveríamos discutir sobre reabertura, mas sim sobre fechar pois não confiamos mais na própria mensagem que pregamos, não é mesmo?

Se sua igreja discutiu tais ideias ou outras sobre como devemos proceder, divida com a gente aqui. Eu gostaria muito de saber o que você está planejando e pensando, quem sabe juntos encontramos uma saída melhor.

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