Que papel deve a igreja exercer na internet?

Eu não sei se você já parou pra pensar em como a vida é rápida hoje. Não em meras divagações ou conversas de bar. Mas em uma reflexão interna e quieta consigo mesmo. Pois é, a vida passa e passa muito rápido. Inclusive, alguém precisa acordar o cara do Green Day, já que setembro acabou. E, são tantas informações que dá pra ficar louco ou perder um dia todo lendo notícias e mais notícias.

No meio dessa correria toda eu parei pra ver dois acontecimentos interessantes que parecem não ter muita ligação, num primeiro momento, mas queria relembrar você (ou informar, se você eventualmente não viu) o que aconteceu nesse mês que “acaba de acabar”.

Semanas atrás, um imigrante senegalês, que mora a mais de um ano e meio no Brasil, socorreu uma idosa com um pico de pressão num vagão da Trensurb na estação Rio de Sinos, em São Leopoldo (Rio Grande do Sul) e o caso “viralizou” na internet pois um produtor e diretor de filmes, que presenciou a cena e a publicou em seu perfil do Facebook, disse que ele era senegalês (e não “haitiano” como alguns bradaram no vagão) e que é enfermeiro formado a mais de 15 anos e que trabalha numa fábrica de refrigerantes pois não encontrou trabalho em sua área aqui em nosso país. No dia 28/09 ele já tinha mais de cinqüenta propostas de emprego e uma entrevista marcada em um hospital da região. Tudo por “culpa” de um post no Facebook.

O outro acontecimento foi uma pesquisa-vídeo lançada pelo canal AJ+ sobre o que os sírios estão buscando no Google. E os termos mais pesquisados são: “hospitais próximos”, “como tratar queimaduras em casa”, “como fazer respiração boca-a-boca”. Não é a toa que muitos querem escapar de seu país. Em decorrência disso, o segundo lugar dos “top searches” sírios são: “caminho para Europa”, “como chegar na Alemanha”, “mapa da Alemanha”, “como imigrar para a Alemanha”, “asilo político na Alemanha”, “mares que separam a Turquia da Grécia”, “distâncias entre Izmit e Hungria” e claro, já que estão usando forças policiais pra detê-los na Hungria, “notícias da Hungria”. Estes resultados de pesquisas do Google que saem da Síria indicam que a crise dos refugiados não terminará tão cedo. Mas a mensagem final do vídeo, que você pode ver aqui abaixo (em inglês), é de que: “a web parece estar dando respostas em momentos de necessidade e incerteza”.

Legal, mas o que isso tem a ver comigo?

Ou melhor, o que isso tem a ver com um site chamado Conversão Digital que fala sobre comunicação, design e cultura para igrejas da era da informação ou da internet? Tem tudo a ver meu caro!

Será que a internet tomou o lugar da igreja? Os sírios buscaram ajuda nela! Eu e você também fazemos o mesmo. Talvez você tenha até nos encontrado por um buscador chamado Google. Será que a internet se tornou o bom samaritano de nossos dias? Ajuda mútua, “creative commoms”, compartilhamento, “crowd funding”, não seriam exemplos de que a igreja perdeu alguns de seus papéis?

Não quero dar uma de Pixar e personificar alguma coisa inanimada (até porque eu não tenho a manha que eles tanto desenvolveram até os dias atuais), mas já parou pra pensar na internet como uma pessoa? Ou como um lugar, povo ou nação que precisam ser alcançados? Por que enviamos missionários para os confins da terra e não para a internet?

Já parou pra pensar na internet como um lugar, povo ou nação que precisa ser alcançado?

A mensagem dita pelo mundo perece.
Temos uma mensagem real que nunca vai se apagar. Mas o que é que nos falta? 90% de todas as crianças de 12 anos já estão expostas a pornografia (até porque os outros 10% não tem acesso a internet, então estamos bem não?!). É esta a mensagem que queremos ver vitoriosa na web? Pra mim é como enxergar uma grande cidade que tem mais prostíbulos, bares, pontos de venda de drogas, “inferninhos” e afins do que escolas, igrejas e praças. Tem algo muito estranho nessa cidade chamada internet. Esse cara chamado web precisa conhecer o verdadeiro evangelho. Mas como? Não espere respostas diferentes se você tem feito as mesmas perguntas!

Falo estas coisas porque eu fui criado numa cultura em que a igreja era – seja ela de qualquer denominação cristã – o local para se resolver necessidades e incertezas, e não um lugar pra ser apenas abençoado. Nessa vida atual você é o que consome, ou consome o que você é, se não sabe que há um propósito em viver. E o nosso é louvar e engrandecer o nome de Deus através das nossas vidas. Que não viva mais eu, mas Cristo viva em mim, saca?

E eu sei que é difícil demonstrar essa vontade para algum pastor, líder, ministro, chefe de departamento, ou seja lá qual a denominação que a sua igreja utiliza. Sei que é difícil perceber que a internet é um lugar com povo, cultura e linguagem específica que precisa ser alcançada, que precisa de um avivamento e conversão. Mas como mostrar isso aos outros? Se eu ainda continuo discutindo com o irmão dos jovens que não usa o mesmo logo ou fonte da igreja, que eu tanto batalho pra manter unido e consistente? Como eu faço pra colocar na cabeça dos outros que os vídeos devem seguir uma temática com fontes, letras e padrões de todo o resto da minha igreja? Como explicar que a minha igreja tem que ser a mesma online como é no mundo offline?

Acho que eu não tenho as respostas pra estes questionamentos. E ainda bem por isso. Se soubéssemos os desígnios de Deus será que O amaríamos e o serviríamos de igual modo? Ou correríamos para os nossos próprios prazeres e opiniões como Adão e Eva fizeram, e como nós fazemos em grande parte das nossas vidas corridas? A chuva molha todo mundo, mas na poça de água só pisa quem quer, ou quem está desavisado. Não há vales sem montanhas. E acredito que o apóstolo Paulo passou pelo mesmo problema, ele também viveu um momento conturbado pro tempo e pensamento da época. O império Romano ditava os costumes, cultura e comportamentos “aceitáveis” que não eram em nada compatíveis com a vida e pregação dAquele que o chamou na estrada de Damasco.

E imagino que ele tenha escrito o capítulo de 2 Coríntios 4 em razão disso, veja:

“Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos;
E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida.
E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de Deus.
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.”

Como já falamos algumas vezes aqui, estamos diante de uma revolução na forma como os seres humanos se comunicam. Combine isso com a geração “baby boomer” se aposentando (nascidos entre 1946 e 1964), e nós temos no nosso meio uma tempestade perfeita: mudança nos métodos de comunicação, transição na liderança e mudanças culturais e sociais, tantas quanto os olhos podem ver.

Essa tensão deve ser identificada em nossa igrejas, trazida à tona, reconhecida em amor e discutida com sinceridade. “O segredo do universo esta no nome das coisas” ou o famoso “Dê nome aos bois!”. Temos de enfrentar este momento em nossas igrejas locais de uma forma que seja honrosa e progressista aos olhos de Deus.

Muitas igrejas têm conflitos entre gerações não por causa de estilos de comunicação, mas porque não existem objetivos comuns a serem trabalhados e alcançados. Esqueça aquelas declarações de missão e visão vagas penduradas em um cartaz ou placa em algum lugar nas paredes, ou descuidadamente jogada na parte superior do papel timbrado ou boletim da igreja que nos dá a ilusão de unidade. Invista nos relacionamentos de sua equipe, gaste tempo com conversas e reuniões à mesa. Isso traz unidade, e Jesus fazia isso.

Mark Handon, certa vez disse: “Não é mais o papel da igreja possuir e distribuir informações. O papel da igreja é reunir e redistribuir, ou seja, se conectar.”. Assim como Gary Hamel, certa vez conclamou:

“A geração ‘Facebook’ não quer ir a uma igreja que se sente e se vende como uma corporação hierarquizada. Eles querem uma comunidade flexível que tenha uma causa – uma causa que eles possam ajudar a criar organicamente. Da qual eles também façam parte”.

E é por isso que os problemas da minha, sua e nossa igreja tem uma única solução: VOCÊ!
Isso mesmo. Invista em oração, pois seus joelhos podem te levar em lugares mais altos e mais longes do que suas próprias pernas. Aumente e desenvolva sua equipe. O melhor sucesso é o sucesso compartilhado. Se queremos chegar rápido, corremos sozinhos, se queremos chegar longe, corremos juntos. E mais uma vez, tenha a chance de melhorar a vida do próximo. Faça do seu potencial o potencial dos outros. Ensine aquilo que você sabe, compartilhe aquilo que você aprendeu. Senão agora, então quando? Senão a gente, então quem?

Recommended Posts

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *