5 dicas para melhorar sua sonoridade

Os engenheiros e voluntários de áudio, sejam novos ou “macacos-velhos” estão sempre procurando maneiras de melhorar suas mixagem e sonoridade. Às vezes, as melhorias mais simples surgem do trabalho com outros engenheiros e voluntários, vendo como alguém se aproxima ou atinge os mesmos resultados do trabalho. Aqui vão cinco dicas rápidas que eu encontrei para ser útil quanto a sonoridade e mixagem de bandas, corais e solistas.

1. Atente-se às fontes de som

Certa vez, ouvi um renomado engenheiro de som de turnês comentando comigo como ele ficava espantado e surpreso com a forma como muitas vezes os técnicos e engenheiros de som pareciam ter uma predisposição sonora, em mente, para as fontes do som (bandas, conjuntos ou solos) que seriam mixadas ou sonorizadas, e quão pouco alguns pareciam realmente ouvir as fontes de antemão.

Deve haver um bom equilíbrio, a ser encontrado, entre trazer um plano prévio (algo que eu também vejo com muita importância!) e a utilização de um monte de “presets” mentais, ou em como na sua cabeça um bumbo, uma batida, ou voz específica devem soar. Andar pelo púlpito/palco e ouvir as fontes de som que você trabalhará pode realmente ajudá-lo a marcar uma sonorização ou mixagem limpas e audíveis. Isso auxilia e muito a evitar certos sons forçados ou tentativas frustradas que simplesmente não dão certo aqui e ali. Apesar de, como técnicos podermos moldar o som das fontes, forçá-las a conseguir determinado tom ou som geralmente não funcionam. Melhor é trabalhar com os músicos na obtenção de sons que juntos querem alcançar, do que cada um procurando por si próprio, ou pior, tentando criar artificialmente o que não vem de um relacionamento ou cenário de sua igreja.

2. Ouça e analise seu ambiente

Tenho certeza de que todos são conscientes sobre o impacto que nosso entorno pode ter sobre a sonoridade final que buscamos. Nos mundos da gravação, alguns espaços são escolhidos com base na acústica que o determinado ambiente oferece, ou o som natural daquele espaço. Se você é um engenheiro de som em turnê ou não, tenho certeza que já lutou com salas e espaços problemáticos e suspirou de alívio em espaços que foram projetados com a acústica em mente.

De qualquer forma, é muito importante estar ciente de como o ambiente soa e de como as bandas, solos e conjuntos freqüentes se apresentam “ao vivo” no local. Isto é fator determinante na hora de dispor cada integrante e instrumento no “layout” da banda no púlpito, afastando tudo e todos de superfícies reflexivas, tanto quanto possível, claro. Se nos encontramos lutando com as mesmas faixas de freqüência de cada fonte (low, middle ou high), é aconselhável dar uma revisada em seu principal sistema de equalização pra ver se este agüenta as freqüências que se busca, em todo o sistema, ou dispor melhor os integrantes e instrumentos conforme a reverberação e refletividade do ambiente.

3. Tenha um plano pré-determinado

É importante adentrar cada sessão, ensaio ou culto com um plano. Um pintor renomado raramente começará a pintar um retrato sem ter um bom esboço (possivelmente apenas mental) do produto final. Somos, de certa forma, artistas e estamos criando um produto final e é bom saber onde queremos acabar ou chegar, antes mesmo de começar. Isso se materializa em conhecer o material que estamos mixando ou sonorizando, saber os sons que estaremos trabalhando com (instrumentação e vocalização) e também conhecer como usar eficazmente as ferramentas que teremos à nossa disposição.

Devemos ter idéias certas de onde queremos os vocais cantando, como queremos que o baixo e bumbo interajam nas caixas, como queremos que as guitarras e violões conversem e trabalhem juntos com os demais instrumentos. Isso fará com que a sua passagem de som seja mais eficaz. Se nós gastarmos todo o tempo tentando fazer com que o bumbo soe como um canhão, só para nós mesmos, não deixaremos espaço para a guitarra, baixo e voz, e só quem sofre é você pra regular todos juntos ao mesmo tempo, quando a banda começa a tocar “pra valer”. Lembre-se que como responsável pela sonorização e mixagem, dentro das diretrizes sonoras de sua liderança (que conversamos aqui), você é quem deve dar o norte, pois quando tudo entra “ao vivo” você é que está no controle.

Agora, eu sei que comecei este post dizendo como devemos ouvir as nossas fontes e não ter idéias preconcebidas e dispostas do que nossas fontes devem fazer ou soar como, e isso é a mais pura verdade, o que eu estou incentivando e falando aqui é sobre ter um plano concreto do resultado total, o conjunto em que todos os integrantes e instrumentos devem ser ouvidos harmoniosamente. Claro que o tom da bateria, o ruído dos amplificadores de guitarra, etc., podem mudar de espaço para espaço, baseado no seu ambiente, no entanto, é sua responsabilidade de que o produto final global seja harmonioso.

Se analisarmos o conjunto como uma paisagem sonora, em termos de uma paisagem visual, nem tudo deve ou precisa estar em primeiro plano, certas partes de guitarra, teclado ou baixo são ótimas, para ser parte do plano de fundo, combinando com a música. É nestes detalhes que nossas sonorizações e mixagens se unem e formam sons audíveis e agradáveis ao Senhor.

Neste contexto, lembre-se que, nas palavras de James K. A. Smith no texto An Open Letter to Praise Bands:

“Deus é a audiência, a congregação é o coro, e a banda está lá apenas para facilitar nossa oferta a Deus. A adoração cristã é uma prática coletiva, pública e congregacional – e o som e a harmonia reunidos de uma congregação cantando em uníssono é essencial à prática da adoração. Se nós, a congregação, não conseguimos ouvir a nós mesmos, não é adoração. Se nós, a congregação, não podemos cantar juntos, não é adoração. Se vocês, o grupo de louvor, são o centro da atenção, não é adoração”.

4. Escolha as ferramentas certas

As ferramentas são parte importante de cada trabalho, e em posts anteriores eu mencionei como as ferramentas certas fazem o trabalho se desenvolver de forma muito mais suave. Dito isto, é sabido que nem sempre temos acesso a qualquer e tudo o que gostaríamos de usar em termos de equipamentos, até por que eu não acho que o equipamento faz a arte. Acho que a utilização de algum equipamento que você é familiarizado pode ajudar a alcançar (e manter!) a sonoridade que queremos. O primeiro e mais óbvio equipamento para mim seriam os microfones. Estes devem ser listados por uma razão, eles são familiares e muitos engenheiros de som preferem o som que eles entregam contra qualquer outra escolha.

Muitas vezes essa preferência pode mudar, de acordo com o estilo de música, bem como a aplicação dada a eles. Há certos microfones de bumbo muito bons para se usar com IEM (“in ear monitors” – monitores de ouvido), no entanto não seriam uma boa escolha para um som FOH (“front of the house” – som ao vivo) e isso é devido às suas características tonais que ele carrega com base em seu design. O mesmo se aplica para se microfonar amplificadores de guitarra.

Nesta esfera, uma ferramenta muitas vezes esquecida é a DI (“Direct Injection Box”) ou caixa de injeção direta (tradução livre), o bom e velho conhecido “direct boxe” tupiniquim. Estas não são todas iguais, e enquanto você pode usar direct boxes genéricos, há certamente uma vantagem para considerar sua aplicação específica, em como elas realmente oferecem um melhor desempenho em determinadas aplicações, especificamente ao se lidar com instrumentos acústicos ou tipos “piezo” de captação eletrônica, por exemplo.

Ao longo de sua jornada, você com certeza vai encontrar o equipamento que melhor combina com você e que se tornará seu preferido. Com a grande prevalência e crescimento dos consoles digitais, muitas pessoas não se inclinam mais para equipamentos analógicos e externos, como compressores e pré-amplificadores, etc., à medida que mais e mais pessoas estão dependendo de plug-ins digitais para manter o seu som (o que no meu gosto pessoal é visivelmente contestável, pois pros que me conhecem, prefiro muito mais os analógicos). Ambas, digital ou analógicas, são apenas peças importantes para uma sonorização característica. Seja lá qual você preferir, no final do dia, são apenas ferramentas que lhe auxiliaram no trabalho que eu e você temos de realizar pessoalmente.

5. Simplifique ao máximo

A minha última dica é tão importante para os engenheiros mais recentes como para os velhos marujos desse mar sonoro: seja simples. Com tudo o que se tem disponível para nós em termos de equipamento e softwares, a tentação de complicar mais as coisas em nossa abordagem diária de mixagem e sonorização é abundantemente ampla. Na maioria dos casos, se cumprirmos o básico (estrutura de ganho, equalização e proporção sonora) chegaremos onde queremos estar.

A adição de controladores dinâmicos, tais como compressores e portas ou efeitos como reverb, delay, chorus certamente acrescentarão um tom polido ao nosso som, mas estes devem ser aplicados quando estivermos confiantes no básico, e quando obtivermos contentamento e felicidade com o equilíbrio que já conseguimos. Além disso, nunca devemos esquecer quão interativo é trabalhar com sonorização e mixagem, o papel do engenheiro/voluntário/técnico é muito divertido, os níveis de volume vão sempre precisar de uma massagem, com destaque para peças do primeiro plano e do plano de fundo musical, para não atravancar ou distrair elementos-chave do louvor, como os vocais ou linhas de guitarra/violão melódica e assim por diante. É maravilhoso ser o regente dessa orquestra de botões e levels.

Mas, para finalizar, devemos tentar construir hábitos de referência com nossas fontes, ter um plano no lugar certo, prestar atenção ao som do nosso ambiente, usando as ferramentas que conhecemos e não caindo na tentação do que complica a nossa abordagem. Ao fazer isso, encontraremos naturalmente os sons mais limpos e polidos. E, assim, agradando aos ouvidos de todos e principalmente alcançando os de Deus, cresceremos em confiança, podendo introduzir novas e recentes técnicas, mais complicadas e interessantes, para a alegria dos doidos por sons e músicas.

Como acontece com você? Já trabalhou na sonorização da sua igreja? Conhece alguém que trabalha e gosta de discutir sobre? Convide-o pra comentar e dividir experiências aqui conosco, e comunicarmos as bênçãos de Deus através da arte, da música, da imagem e som! Até a próxima.

Recommended Posts

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *