LIÇÃO 19 – ENQUADRAMENTO: ÂNGULO
Retomando o que já comentamos anteriormente, os ângulos são também muito importantes na sugestão durante a narrativa e a mensagem do seu vídeo, pois caracteriza o olho do observador, ou seja, seu público.
Este ângulo nunca é aleatório, pois é resultado da configuração da iluminação, do cenário, do motivo, das cenas anteriores ou posteriores e também da intenção de se relatar sentimentos ou provocar certas emoções.
Quando você for escolher seu ângulo de filmagem é importante ter em mente que pessoas, objetos e cenários possuem três dimensões e ter cuidado para que eles não pareçam achatados na tela, tendo somente sua frente observada, por exemplo. É melhor sempre pegar os motivos mais de lado, a 45 graus, possibilitando a visão de mais de uma face do objeto, dando volume e criando linhas convergentes à sua cena, que vão adicionar consistência à cena.
Podemos pensar os ângulos de acordo com o nível em que a câmera é posicionada:
Nível normal
A câmera está na mesma altura da vista do observador, sendo um ângulo sem muita atratividade ou efeito para a cena, não sofrendo nenhuma deformação de perspectiva;
Nível alto ou plangée
A câmera se inclina de cima para baixo, tendendo a minimizar os objetos em sua mira. Isso gera uma sensação de rebaixamento, de esmagamento moral em relação aos seus objetos; mas também pode servir bem para paisagens extensas, enaltecendo a perspectiva. Este ângulo tende a diminuir a velocidade das ações, mas traz mais contraste e efeito dramático.
Nível baixo ou contra-plangée
A câmera está posicionada de baixo para cima e inspira respeito ao motivo observado. É utilizado para aumentar a altura ou a velocidade do personagem, eliminar horizontes ou motivos ao fundo bem como potencializar a perspectiva criando um contraste entre o motivo e o céu, por exemplo. Quando filmando fachadas, prédios ou alguma construção, elas podem ganhar imponência com esse tipo de ângulo e se assemelha a uma ocasião em que uma pessoa olha para cima.
Ainda, pensando na utilização dos ângulos podemos dividir em três tipos de câmera: a objetiva, a subjetiva e o ponto de vista. A primeira, mais comum e largamente utilizada nos filmes a que estamos acostumados, caracteriza um observador invisível, por quem o público assiste aos acontecimentos, sendo impessoal. Já na segunda, o público vive a ação como se pertencesse a ela, vendo com seus próprios olhos. Também se aplica quando alguém olha diretamente para a câmera, estabelecendo uma relação com o espectador. E por fim, o ponto de vista enquadra uma cena a partir da visão do personagem. Temos a impressão de estar vendo o que ele vê como se estivéssemos ao seu lado. Geralmente, este tipo de ângulo e feito por cima do ombro do personagem e utilizado em diálogos, entrevistas.
É comum em um filme transitarmos entre os diferentes tipos de câmera na construção da narrativa e para isso é importante que as cenas estejam interligadas de tal forma a validar a utilização de cada tipo. Por exemplo, temos uma personagem que está sentada costurando e queremos mostrar o que ela costura. Primeiro, mostramos a pessoa em uma tomada mais aberta e na próxima fechamos no bordado. Se parte da pessoa aparece de costas, vamos entender que é como se estivéssemos em pé ao seu lado observando; caso contrário será como a própria visão da personagem. Como você pode perceber o posicionamento, que já falamos na lição passada, trabalha em paralelo com a angulação. Somados, conseguimos os efeitos que queremos!
Pronto para por todos esses truques em prática? Se ficou com alguma dúvida, fale com a gente! Em sua opinião, ficou faltando alguma coisa? Comenta aí!
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